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sábado, 23 de janeiro de 2016

"Não sou obrigada"

boho, fat, girl, hippie, indie, galaxy.universe


"Não sou obrigada", não sou mesmo, a nada, a padrão nenhum, a família nenhuma, a expectativa nenhuma, e, principalmente, a cara nenhum.
Quando eu tinha 16 anos, meu namorado, daquela época, me pediu para emagrecer, pois eu estava gorda demais, lembro que fiz o que podia, mas com uma vida de muito estudo e alimentação desregrada, nada adiantou. No final, terminamos, vida que segue. Com 17 anos, namorei um garoto que não gostava de armação de óculos grande e nem de batom vermelho, eu usava uma armação grande, apesar de ter uma pequena e vermelha, e vivia de lábios vermelhos por ai, com ele voltei a usar a armação vermelha e nunca sair de batom vermelho com ele. Terminamos, isso já era esperado. Outros casos aconteceram antes dos 16 anos, como fingir que eu conhecia algo e, na verdade, eu estar com uma página do google aberta para descobrir o que aquilo era. Esse era o meu medo de que se eu fosse eu mesma nenhum cara me olharia.
Todavia, cada vez que eu fingir ser quem não era, que eu pensava que não era boa o suficiente, que era feia, que ninguém fosse me querer, algo dentro de mim crescia. Uma pequena revolta, que com o passar dos anos foi se tornando grande, aquela vontade de se libertar, de cair fora daquela roda de amigos que só criticavam, ficar longe da família que só apontava os defeitos, terminar com aquele cara que queria só uma boneca para manipular.
Até que bati o pé no chão e decidi: "Ou vocês gostam de mim, pelo que eu sou, ou desgostem de vez e vão seguir sua vida, pois na minha não cabe nada, além de quem eu sou de verdade.". Alguns aceitaram, outros não. Parei de me ver menor do que outras pessoas, se tiver acima do peso, se me der vontade eu mudo ou como uma pizza inteira, alguém tem haver com isso?
Dos caras que me olham de cima a baixo e veem uma garota, "não dentro dos padrões", pena pra vocês! Acabaram de perder uma boa companheira, mas prefiro ficar longe de quem só taxa os outros pela aparência. Aos que não gostam de shorts curtos, cabelos curtíssimos, bocas vermelhas, óculos de tamanho descomunal, aos que querem as princesas, as que vão te olhar como se estivesse em um pedestal admiradas, desculpa, aqui não é o seu lugar. Vou te olhar nos olhos, bater de frente se for preciso, não vou me achar menor do que você, e ao que eu uso ou deixo de usar, essas coisas são eu, ou gosta de mim inteira, ou não. Quando decidi adotar a posição de não me menosprezar para exaltar alguma pessoa, foi visível minhas melhoras, cheguei uma vez a ouvir um comentário repreensivo por isso, apesar de estar disfarçado de elogio, de uma colega que me disse "admiro o fato de você se colocar no mesmo patamar que os caras com quem ficas, eu sempre vejo o meu namorado como se ele tivesse em outro nível", esse comentário foi feito pouco tempo depois de eu ter terminado um namoro, se a minha atitude de me igualar faz com que os meninos se afastem, tudo bem, sempre preferi homens a meninos.

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